terça-feira, 8 de junho de 2010

EU SOU




Fernando Cardoso deveria dispensar apresentação. A sua obra, de 32 livros, fala por si como falam por si as distinções e reconhecimentos recebidos. Distinções e reconhecimentos que, diga-se em abono da verdade, ficam muito aquem do seu valor e de todo o reconhecimento que lhe é devido.

A colectânea dos poetas populares, muitos deles analfabetos, que Fernando Cardoso imortalizou através de testemunhos directos e recolha de fontes, e que revelam uma entrega e sensibilidade extremas, é, por si mesma, uma dívida que a cultura tem para com este grande vulto da nossa escrita.
Mas é nas crianças, sobretudo, que Fernando Cardoso centra a sua atenção e entrega.

Há livros que marcaram uma geração e que se transferem para outra de forma intemporal. Livros como Flores para Crianças, Novas Flores para Crianças e Novíssimas Flores para Crianças, atingiram o maior número de edições que em Portugal aconteceram.
Há livros que, com mensagens simples e claras, marcaram emoções e delinearam esperanças. Quem poderá ficar indiferente ao "Ninguém é um Pássaro Azul?".

Também com uma versatilidade poética notável, Fernando Cardoso nos transporta no mundo das coisas simples, levando às crianças uma capacidade pedagógica inesgotável. As peças teatro que, em muitas escolas, têm sido representadas, transmitem valores essenciais à formação dos adultos do amanhã cada vez mais assediados por um mundo de riscos e de perdas de referências.

Mais de 50 manuais escolares têm textos de Fernando Cardoso. Eu proponho-me, dentro do que me é possível, fazer uma visita guiada por este mundo fantástico e sempre absorvente constituído pela sua obra.